Tara é uma deidade de meditação que corporifica a atividade de todos os Budas. Ela representa a grande Sabedoria de onde nascem todas as realizações. Sua atividade é extremamente eficaz e rápida. Seu mantra purifica os medos, supera os obstáculos e realiza desejos.
Conta-se que numa era muito antiga, havia uma princesa chamada Lua de Sabedoria. Ela era discípula de um Buda, que era seu Guru. Lua de Sabedoria atingiu as mais altas realizações espirituais, graças à devoção que tinha ao seu Guru – por isso diz-se que o Guru é a fonte de todas as realizações.
Certo dia alguém lhe falou que, como um dos muitos resultados de sua prática, ela iria renascer como homem. Nascer homem era considerado mais benéfico do que nascer mulher, pois assim poderia viver como um iogue na floresta, ou numa gruta deserta, sem ser molestada. Porém a princesa não quis. Ela disse que havia muitos iluminados sob a forma masculina e queria tornar-se uma iluminada sob a forma feminina.
Após uma longa meditação em retiro ela atingiu o altíssimo estado de Anutpada ou “não origem”. Nesse elevado nível de meditação, ela podia ver o real estado da mente e os fenômenos como incriados, sem início, sem limites.
A partir de então passou a ser conhecida como Tara (“Tare”), ou Drolma que quer dizer “salvadora”, ou “aquela que libera”.
Segundo a história, muito tempo depois, Tara prometeu ao Buda Amoghasidhi defender todos os seres na mais profunda vastidão das dez direções, passando a ter vários nomes, como “imediata” e “heróica”, até se tornar, por sua atividade, a corporificação de todos os Budas.
Em outra história é dito que Tchenrezig, o Buda da Compaixão, ficava com o coração partido ao ver a condição de sofrimento, medo e ignorância dos seres vivos. Seu amor por eles era tão imenso que conduzia milhões de seres à iluminação com a força de sua compaixão. Contudo, imediatamente nasciam outros tantos milhões de seres a serem liberados do sofrimento. Para melhor auxiliar os seres, Tchenrezig ganhou de Amitabha mil braços e dez cabeças. A despeito de todos esses poderes, ainda nasciam muito mais criaturas do que ele podia ajudar. Ao ver diante de si esta situação desesperadora, Tchenrezig chorou e de uma de suas lágrimas nasceu Tara, a libertadora, aquela que o ajuda a liberar todos os seres por meio da compaixão.
Foi o próprio Buda Sakyamuni que na nossa Era revelou o Tantra de Tara, como a mãe de todos os Budas.
Tara é conhecida como Arya Tare, a Nobre Tara, a Grande Rápida Protetora, a Eliminadora dos Oito Medos.
Os oitos medos causados pelas oito ilusões são, respectivamente: medo de enchente (apego); medo de fogo (ira); medo de elefante (ignorância); medo de serpente (inveja); medo de leão (orgulho); medo de correntes de prisão (avareza); medo de ladrões (visões errôneas); medo de fantasmas (dúvida).
O significado do mantra de Tara
OM – qualidades do corpo, palavra e mente dos Budas.
TARE -“aquela que liberta”.
TUTTARE – “que elimina todos os medos”.
TURE – “que concede todo sucesso”.
SOHA – “que as bênçãos de Tara contidas no mantra se concretizem”
As Vinte e uma Taras
Embora seja uma só, Tara Verde pode se apresentar de várias formas e cores. Diz a tradição tibetana que Tara, para poder satisfazer as várias necessidades dos seres que dela necessitam, se desdobrou em 21 formas diferentes, com qualidades específicas simbolizadas pelas suas cores, gestos e detalhes de roupas. As formas de cor branca são pacíficas, as amarelas e alaranjadas estão ligadas à abundância, as vermelhas à ação e ao poder e as negras e vermelho escuras são necessárias quando é preciso muita força para remover um obstáculo. Algumas dessas Taras estão na sua forma irada, representando assim a energia intensa que possuem e que pode ser contatada para pedidos muito difíceis. Cada uma de suas 21 manifestações representa a liberação de um aspecto presente no medo.
A acumulação da oração conhecida como Homenagem às Vinte e Uma Taras (tchak tsel nyur chig) traz benefícios incontáveis e imediatos.
Tchak tsel significa prosternações e nyur chig significa vinte e uma. Desse modo, ao fazermos essa oração estamos rezando e prosternando para as Vinte e Uma Taras; não necessariamente prosternando fisicamente, e sim, verbalmente ao pronunciarmos as palavras tchak tsel lo vinte e uma vezes. Essa oração foi escrita pelo tathagata Nampar nangdze (Vairochana), o Buda central das cinco famílias búdicas. Portanto, é uma oração muito sagrada pois não foi escrita por algum mestre, ou mesmo por um mestre humano iluminado, sua origem é o próprio Buda que ocupa a posição central entre as cinco famílias búdicas. (Em Praises & Prostrations to the Twenty-one Taras, de Chamgon Kenting Tai Situpa, Palpung Publications, página 39. Tradução livre KTC.)