No dia 04 de abril, Sua Santidade, o Karmapa, visitou o Karma Thegsum Choling – New Jersey (KTC-NJ), no sul de New Jersey, para transmitir seu primeiro grande ensinamento sobre o Dharma em sua atual viagem aos Estados Unidos. Sua Santidade ensinou métodos de meditação e praticou shamata junto com um grupo de mais de 700 pessoas após conferir uma iniciação de Manjushri, o bodhisatva da sabedoria. Durante seu ensinamento, S.S. Karmapa enfatizou a experiência pessoal de meditação e alertou sobre o uso da prática Budista para propósitos comerciais ou de redução de stress.
Refletindo sobre suas experiências durante a viagem, Sua Santidade comentou que, em suas visitas às sedes do Google e do Facebook, ele percebera que ali também estavam sendo criados espaços para que os funcionários pudessem meditar e que as duas empresas incentivavam a consciência plena no ambiente de trabalho. “É excelente que todos tenham a oportunidade de praticar a meditação”, disse ele. Entretanto, mesmo aprovando tais iniciativas, o Karmapa fez uma importante advertência.
“Uma vez que a meditação, por sua própria natureza, deve ser algo pessoal e individual que cada pessoa experimenta do seu próprio jeito, a partir de suas necessidades e disposições, em suas descobertas particulares, eu acredito que ela (a meditação) jamais deve ser comercializada ou usada com propósitos comerciais. ”
Sua Santidade retornou ao mesmo tema mais tarde, apontando a maneira como a yoga é às vezes divulgada como uma forma de exercício físico, apesar de tradicionalmente ser uma forma altamente rigorosa de treinamento espiritual. “Hoje em dia muitas pessoas estão interessadas no Budismo, especialmente na meditação. Mas muitos acham que a meditação é uma espécie de terapia espiritual, de massagem espiritual. Tais pessoas esperam que, através da prática da meditação, conseguirão relaxar e reduzir o stress e a pressão que sentem em suas vidas ocupadas. Relaxar é bom, mas é diferente da prática de meditação completa que é ensinada pelo Budismo. Esta requer um treinamento mais exclusivo e intenso. Eu acredito que esperar que a meditação trará mais calma e conforto íntimo pode causar uma certa desilusão. Na verdade, eu acho que a intensa prática de meditação provavelmente produzirá muito desconforto inicialmente, pois é difícil se livrar de velhos hábitos e na prática da meditação tentamos substituir muitos de nossos velhos e negativos hábitos por outros novos. Isso vai contra a essência de nossas personalidades e, por isso, provavelmente será algo difícil e desconfortável.
Sua Santidade salientou a importância da prática da shamata, ou meditação do estado de calma, como a base para toda a prática Budista. Ele afirmou que tal prática não é necessariamente voltada para relaxar a mente ou reduzir o stress, mas é, na verdade, uma prática que elimina emoções aflitivas ou kleshas. Reduzir ou eliminar os kleshas pode não ser uma tarefa fácil ou agradável, já que se trata de mudar nossas tendências habituais.
“O objetivo da prática da shamata não é simplesmente atingir paz de espírito ou conforto e relaxamento mental. Na verdade, a prática da shamata existe para aprimorar as nossas mentes e mudar, para melhor, as nossas personalidades através do enfraquecimento e cura de nossos kleshas. Algumas pessoas acham que o mais importante da shamata é fazer alguém sentir-se bem, relaxado e confortável; mas a função real da shamata é servir como um remédio para os nossos kleshas. ”
S.S. Karmapa recomendou que os Ocidentais, que geralmente não têm tempo para meditar diariamente, deveriam começar a organizar retiros de prática intensiva de meditação shamata.
“Até agora, retiros de Dharma, onde as pessoas podem se dedicar exclusivamente ao treino ou prática da shamata durante vários meses são muito raros. Desse modo, eu os encorajo a criar eventos e oportunidades para a prática intensiva e longa (de vários meses) da shamata nos países ocidentais. ”
“Não é suficiente praticar a meditação somente em nossos templos, sentados em nossas almofadas”, continuou Sua Santidade. “É necessário trazer a prática da shamata para todas as atividades pós-meditação, inclusive para o trabalho. É especialmente importante estarmos aptos a aplicá-la quando estivermos emocionalmente muito desequilibrados. ” Sua Santidade então solicitou que a audiência manifestasse suas dúvidas e questões sobre vários aspectos, entre eles, o Ngondro, a depressão e o uso das tecnologias modernas e a consciência plena. Clique aqui para ler o artigo completo.
Sua Santidade também deu instruções específicas sobre como meditar e conduziu uma sessão de meditação com o público. Um artigo mais detalhado das visões de S.S. Karmapa sobre as instruções e a prática da shamata foi publicado separadamente. Clique aqui para ler o artigo completo.
Original publicado em 6 de abril de 2015, disponível em: http://nalandabodhi.org/2015/04/06/karmapa-teaches-meditation-for-the-west/
Traduzido para o português por KTC – Cláudia Marcanth.
Revisado e editado por Cláudia Carréra.
KTC, julho de 2015