O Lhabab Düchen marca a ocasião da descida do Buda do reino celestial de Tushita para a Terra e é um dos quatro dias especiais na tradição budista tibetana. De acordo com o calendário tibetano, o Lhabab Duchen é celebrado no vigésimo segundo dia do nono mês (calendário lunar). Em 2022, no nosso calendário, a data do Lhabab Düchen corresponde ao dia 15 de novembro.
Um pouco da história
Ao morrer, a mãe do Buda renasceu no reino celestial de Tushita. Como gratidão por sua bondade, o Buda, quando tinha 41 anos de idade, foi para esse reino com o objetivo de ensinar o Dharma a sua mãe, bem como, aos outros seres celestiais, para que estes pudessem se liberar do ciclo de renascimentos (Samsara).
Após três meses, o Buda foi exortado por um discípulo a retornar para a Terra para ensinar seus discípulos e seguidores.
O deus hindu Indra fez, então, três escadas ligando o reino celestial de Tushita com o reino humano. A escada central, feita de jóias, é a usada pelo Buda; a sua direita está a escada de ouro, usada por Indra; e a sua esquerda, a escada de prata, usada por Brahma.
Quando o Buda estava descendo de Tushita, ele olhou para cima e todos os mundos, do mundo humano até a mais alta esfera celeste, foram iluminados. Ao olhar ao redor, cada direção do universo tornou-se clara e desobstruída. Quando ele olhou para baixo, a iluminação continuou até os reinos do inferno.
Nesse momento, houve uma abertura entre todos os reinos e os seres que neles viviam puderam ver uns aos outros: os seres humanos puderam ver os devas (deuses); os devas puderam ver os seres humanos; os seres humanos e os devas puderam ver os seres dos reinos infernais; os seres dos reinos infernais puderam ver os devas e os humanos. E todos puderam ver o Buda descendo, gloriosamente, do reino celestial de Tushita.
Uma das interpretações para essa abertura entre os reinos aponta que esse feito consistiu em um ensinamento dado pelo Buda, por meio do qual ele possibilitou que os inúmeros seres pudessem ver e constatar os resultados cármicos de suas ações: ações negativas geram sofrimento e renascimentos em reinos inferiores (infernais), enquanto ações positivas geram a felicidade encontrada nos reinos celestiais.
Essa descida de Tushita é considerada um dos doze mais importantes atos do Buda. Tamanha foi sua compaixão pela humanidade que ele concordou em deixar o mundo dos deuses para retornar ao nosso mundo, e, por isso, o seu retorno é celebrado.
Por ser extremamente auspicioso e propício para a prática, faz parte da tradição que o praticante se envolva com atividades virtuosas e oração neste dia. É dito, também, que todas as ações acumuladas, positivas ou não, são multiplicadas por milhões de vezes.